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CRONICA DE DC PARA AMANHA É OUTRO DIA 9-1-15

EU SOU CHARLIE


O mundo acaba de viver mais um dos inúmeros e imensamente tristes episódios que têm vindo a caracterizar ao longo dos tempos a difícil relação entre os homens ou entre estes e a liberdade, seja esta vista apenas como liberdade de exprimir opiniões ou de caricaturar situações do dia a dia, seja num sentido mais profundo, como direito a lutar por melhores condições de vida, através da imposição da opinião das grandes maiorias. Vem isto a prepósito de que ontem, quando três terroristas muçulmanos entravam fortemente armados nas instalações do Semanário Francês CHERLIE HEBDO e provocavam um autêntico massacre disparando indiscriminadamente e matando cerca de 12 pessoas, entre tantos outros feridos, por ironia ou não, a prepósito do 4 de Janeiro de 1961 e dos massacres da baixa do cassanje, em Angola, eu lia que exactamente nesse dia, a Força Aérea Portuguesa, distribuía como presentes de ano novo e revanche pelo descontentamento popular na área, bombas de napalm, provocando a morte de mais de 20.000 angolanos!
Dois episódios completamente diferentes no espaço e no tempo, pensarão a maioria das pessoas, já que os separam cerca de 54 anos. No primeiro, a 4 de Janeiro de 1961, o Estado português usava o direito de potência colonial para reprimir a insatisfação popular movida pela existência de trabalho escravo. Os culpados pela ordem de bombardear com Napalm homens, mulheres e crianças indefesas nunca foram procurados, julgados ou condenados e foram necessários cerca de 14 anos de intensa luta armada movida pelos angolanos, para que a história fosse recolocada no seu devido lugar e angola se tornasse independente. No segundo, em pleno coração da europa, na cidade dos poetas da luz e amor, os terroristas usavam o direito divino de vingarem Maomé contra as caricaturas publicadas pelo jornal, muito delas em que expunham o profeta no limite da linha que separa o aceitável do insultuoso. Em meu entender muitos pontos de convergência!
Primeiro porque terrorismo é esbanjamento de terror contra inocentes, seja ele praticado a coberto de interesses estratégicos de Estados, seja ele praticado por organizações de ultra esquerda, ultra direita ou ultra religiosas, a coberto de ideais fascistas, racistas ou religiosos. Segundo porque cinquenta e quatro anos antes e cinquenta e quatro anos depois da baixa de cassanje o mundo continua a viver com medo do terror que é esbanjado um pouco por todo o lado, nos 5 continentes. Que o digam as imensas vítimas de manifestações por descontentamento popular que se realizam um pouco por esse mundo fora, desde o berço do anti-terrorismo americano, até ao berço da democracia grega. Que o digam as vítimas das guerras no iraque e na síria, as vítimas dos estados totalitários da coreia do norte, entre outros...Que o digam as vítimas de organizações ultra racistas nos Estados Unidos da América ou de organizações fascistas, nazistas ou pró hitlerianas na Alemanha. Que o digam os milhões de vítimas da pobreza extrema em áfrica e na américa latina.
A grande diferença entre uns e outros parece estar na forma como o mundo reage às diferentes formas de terrorismo…umas vezes finge que não vê porque estão em jogo interesses de aliados, outras vezes reage de pronto com sanções económicas e, quando o inimigo é fraco com intervenções militares e, na atualidade, quando a causa é o Estado Islâmico ou grupo de muçulmanos ultra radicais, a ordem é a perseguição até a morte…Até se esgotarem todas as possibilidades. Não porque está errado, mas porque me parece que a perseguição ao estado islâmico, na maior parte das vezes serve para escamotear outras intensões, outros interesses, não muito transparentes das grandes potências.
A verdade é que o tempo, a razão da história tudo compõe. Assim foi com a independência de angola se nos referirmos a cassanje, assim foi com  Hitler e com Salazar, assim será na actualidade com os promotores da violência gratuita contra a liberdade e contra a democracia, quer estejam mascarados de estados arrogantes e expansionistas, quer de líderes de organizações religiosas ultra radicais.


Carregue na imagem para ler Online esta edição de C. H.. 
E como sou Charlie aqui fica o meu cartoom do dia…os descendentes de cassanje continuam hoje em dia, 54 anos depois do massacre e 40 anos depois da independência, a manifestar o seu descontentamento contra as miseráveis condições de vida que têm. Os descendentes dos opressores de 1961 estão hoje de regresso, não com bombas de napalm, mas com a capacidade de convencerem muitos, de que não sendo nós capazes de nos organizarmos, são eles a alternativa, assaltando e afastando do caminho o direito dos angolanos de, com a sua livre iniciativa, desenvolverem a sua própria riqueza e o seu próprio bem estar…
DC

08/01/2015

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