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CRÓNICA DE DC PARA AMANHA É OUTRO DIA 2-1-15

ANO NOVO, VIDA NOVA

Como uma flexa 2014 passou por todos nós a uma velocidade estonteante, deixando no ar um rasto de saudade e de melancolia no desdobrar de promessas de melhorias, no questionamento do que falhou ou faltou para atingirmos os objectivos que preconizamos, no sorriso triunfante de quem conseguiu cumprir metas pessoais. Na mescla de sentimentos muito pessoais que geralmente nos acompanha, desejamos sempre que o ano que se segue seja melhor, que haja mais amor, mais paz no mundo, mais disponibilidade para que os que tomam as grandes decisões potencializem o seu lado mais humano e mais sentimental e se preocupem um pouco, apenas um pouco com os graves problemas sociais e económicos que a humanidade vive. Talvez isso seja apenas um bom sonho, uma utopia inatingível porque todos sabemos que as grandes motivações, acima dos interesses do bem comum, são na realidade os grandes interesses geo estratégicos, o domínio do mundo e o seu policiamento de forma a castigarmos, com falsos pretextos os que se portam menos bem e a apertarmos a mão aos que aceitam viver sobre o nosso teto.
Com certeza que o ano que ontem apenas começou tem muito para nos oferecer….de bom e de mau, do melhor e do pior. Para nós angolanos, apôs alguns anos dourados em que exibimos ao mundo um crescimento anual de dois dígitos o horizonte para estar sombrio. Não tendo conseguido libertar-se da dependência do ouro negro, angola enfrenta em 2015 talvez o maior desafio da sua história como país independente, claro está, depois da paz conseguida e do fim da guerra. Mas se para se conseguir a paz apenas foi necessário pacificar as mentes e aprender a viver na diferença, o desafio da pobreza eminente e das dificuldades económicas, o desafio de manter a crescer sem os petro dólares que tanto nos encantaram nos anos anteriores, requer uma ginástica e uma criatividade para os quais o nosso povo, desde o vértice da pirâmide até a sua base parece não estar, pelo menos do ponto de vista histórico, preparado. Um pouco como a história da cigarra e da formiga, vivemos os últimos 7 ou 8 anos, cantando e esbanjando sem nunca nos preocuparmos com as incertezas que acompanham o futuro. Cantando o nosso crescimento de dois dígitos, esbanjando em megalomanias, promovendo uma burguesia nacional que pouco se preocupou em criar emprego internamente, tapando os olhos como quem não vê à imensa fuga de capitais que se foi verificando ao longo desses anos, esquecemo-nos de poupar o suficiente para os tempos difíceis e de promover as alternativas necessárias à nossa gritante dependência do petróleo. Daí o questionamento de sermos ou não capazes de viver com bastante menos e de mesmo assim continuarmos a dirigir a nossa atenção para o social. Porque o termos muito menos significa que temos que arrumar a casa, gastar onde for necessário, combater a incompetência e a falta de seriedade, agredir com todas as nossas forças o roubo do dinheiro público, investir menos mas de forma mais selectiva, abandonar o vício dos sacos de diferentes cores, terminar com todos os vícios de governação que formos adquirindo, pelo negativo, ao longo desses anos.
A baixa do preço do petróleo tem na verdade esse lado positivo. Como alguém que de repente adoece, começamos a sentir que afinal também somos simples mortais. Que temos que respeitar determinadas regras. Que temos que cuidar da nossa saúde e de pensar no futuro da nossa mente e do nosso corpo. Se quisermos, claro está, continuar a ser a esperança de todos, aqueles por quem se espera. Se assim não fôr e por muito que isso nos revolte, por não termos alternativas, de sã consciência se jogue a toalha ao tapete e se abra as portas aos escassos que talvez, com o tempo, se tornem melhores do que nós próprios.
Porque a flexa de 2015 já foi disparada e passará por nós sem darmos por isso e o próximo ano está a nossa espera já ali, ao virar da esquina. Por isso não podemos continuar a adiar, a perder tempo com o nosso próprio futuro. Que seja este, em definitivo, o ano em que consigamos mostrar que somos capazes de cumprir todas as promessas que o futuro foi esquecendo, de pensarmos no colectivo e não só em nós próprios ou na nossa família. Porque todos somos iguais nos direitos e nos deveres, na abundância e na escassez, na alegria e na tristeza, na vida e na morte.

DC

2/1/2015

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